Arraia de Fogo (Potamotrygon motoro)

 

Potamotrygon-motoro

Potamotrygon motoro (Müller & Henle, 1841)

Nome Popular: Arraia de Fogo, Arraia Grande, Arraia Olhos de Pavão — Inglês: South American freshwater stingray, Ocellate river stingray.

Família: Potamotrygonidae (Potamotrygonídeos)

Origem: América do Sul, Bacia do Paraná e Paraguai, bacia dos rios Orinoco e Amazonas

Tamanho Adulto: 100 cm (comum: 60 cm)

Expectativa de Vida: 20 anos

Temperamento: Pacífico, predador

Aquário Mínimo: 250 cm X 60 cm X 60 cm (900 L)

Temperatura: 24°C a 30°C

pH: 5.0 a 7.0 – Dureza: até 10

Visão Geral

Nativo das bacias do Rio Paraná e Rio Paraguai no Brasil, Paraguai e Uruguai, Tocantins, Branco, Rio negro na bacia amazônica; ecossistema do Pantanal no Rio Cuiabá, Paraguai e Guaporé; parte inferior do Rio Paraná e médio e inferior do Rio Uruguai.

Como outros membros do gênero, ocorre em uma grande variedade de biótopos incluindo os principais rios e pequenos afluentes em meio a substrato lamoso ou arenoso. Durante estação chuvosa migra para áreas de florestas inundadas, podendo ser encontrado em lagos e lagoas temporárias após o recuo das águas.

Formato do corpo ligeiramente oval, cartilaginoso, com centro do corpo levemente mais elevado. Corpo achatado dorsiventralmente com fendas branquiais (espiráculos) abaixo da cabeça onde a água entra e sai pelas guelras após o oxigênio ser absorvido. Bordas do disco possuem espessura mais fina e sua cauda é mais curta do que o comprimento de seu corpo, apresentando ferrão venenoso.

Junto com o Peixe-serra e os tubarões não apresentam ossos em seu corpo, possuindo estrutura esquelética composta principalmente por cartilagem. Todos estão incluídos na classe Elasmobranchii (elasmobrânquios). Os Potamotrigonídeos fazem parte do único grupo de Elasmobrânquios que evoluíram para viver exclusivamente em águas continentais.

Possuem aparelho de respiração especializado permitindo respirar enquanto ficam enterrados no substrato. Atrás de cada olho apresenta uma abertura conhecida como espiráculo, no qual a água é transportada até as guelras e o oxigênio é extraído.

As manchas no corpo são compostos por um um círculo claro cercado por um anel escuro exterior. A padronização é bastante variável, talvez para combinar com os habitats diferentes em que estes ocorrem peixes. Esta variação também é afetada pelo nível de iluminação do aquário.

Seu ferrão encontrado na cauda é formado por dentina, mesmo material que compõe o dente humano, e associado a glândulas de veneno. Segundo estudos a toxidade do veneno pode variar de acordo com a espécie, porém, todos são bastante semelhantes em sua composição. A proteína é a base com químicos destinados a trazer dor intensa e degeneração rápida dos tecidos (necrose). Se picado, segundo relatos de vítimas, a dor costuma ser insuportável no local atingido, além de poder apresentar dor de cabeça, náuseas e diarreia. Reações mais graves não são incomuns, devendo ser procurado atendimento médico. Submergir a área afetada em água morna minimiza as dores.

Aquário & Comportamento

Substrato arenoso e macio requerido, um aquário com bom comprimento e largura desejável. Decorações podem ser utilizadas, mas com moderação deixando espaços livres para nadarem. O sistema de filtragem do aquário deverá ser impecável, principalmente a filtragem biológica, devido a quantidade de resíduos que estes peixes produzem.

Arraias estão entre os principais predadores em seu ambiente natural e comerão qualquer peixe menor que couber em sua boca. Apresentam comportamento bastante pacífico e tranquilo, devendo evitar ser mantido com peixes agressivos ou territoriais. Peixes de hábitos mordiscadores também devem ser evitados. Os melhores peixes para serem mantidos juntos são aqueles igualmente pacíficos e que não seja pequenos o suficiente para serem comidos e que frequentem preferencialmente a parte média ou superior do aquário.

Sua manutenção em aquário requer muito cuidado, embora seja um animal manso poderá lançar uma picada como meio de defesa. O ferrão costuma ser trocado a cada seis meses ou pode surgir um novo em pouco tempo assim que o original for utilizado.

Reprodução & Dimorfismo Sexual

Vivíparo, Sexuada (fecundação). Período de gestação varia entre 9 a 12 semanas, dando origem em média 4 a 12 espécimes com cerca de 6 a 10 cm. Amplitude etária de 4 anos para machos.

O ovo é fecundado dentro da fêmea e em muitas espécies os alevinos nascem vivos. Os clásperes, já citados, são formados nas partes internas das nadadeiras pélvicas e como já explicado são utilizados na fertilização. Este órgão é enrijecido com cartilagem e atua como dilatador para dirigir o esperma dentro da abertura da fêmea. Na cópula ele projeta-se para frente, em ereção, e introduz-se na fêmea, e os sulcos existentes ao longo de suas faces internas formam um tubo através do qual flui o esperma. As arraias ejetam os ovos fertilizados em cápsulas que se tornam rígidas com o contato com a água. Meses depois o alevino emerge da cápsula como uma miniatura dos seus genitores. Mas há arraias que são vivíparas, ou seja, produzem alevinos plenamente formados. O embrião se desenvolve no interior do corpo da fêmea, e se alimenta de amplo saco vitelínico. Este tipo de gestação leva 3 meses, sendo que os neonatos ficam de 4 a 5 dias sob a fêmea. Nas arraias vivíparas, um fato curioso ocorre, pois os alevinos possuem os espinhos ou farpas das suas caudas metidos em uma bainha, impedindo que ocorra algum dano à mãe durante o parto. (Fonte: Blog Arraias de Água Doce)

Pais ou adultos de Arraias não costumam predar os filhotes, mas deve-se retirá-los por segurança.

Dimorfismo sexual

O macho apresenta o clásper, um par de órgãos sexuais utilizados para inseminar a fêmea, localizado entre a nadadeira anal e a cauda, semelhante a dois pênis paralelos, um de cada lado da cauda, muito evidente quando se compara o sexo, e visível inclusive em um animal impúbere. Machos costumam ser menores.

Alimentação

Carnívoro, em seu ambiente natural alimenta-se de peixes e invertebrados incluindo vermes, moluscos e crustáceos. Em cativeiro dificilmente aceitará alimentos secos, devendo ser fornecido alimentos vivos e outros alimentos alternativos como filés de peixes de água doce, camarões, minhocas, entre outros.

São animais com alta taxa metabólica devendo ser alimentados frequentemente, daí a necessidade do aquário possuir uma filtragem excepcional.

Evite fornecer carne de mamíferos como coração de boi ou frango. Alguns dos lípidos contidos nestas carnes não podem ser adequadamente metabolizados pelo peixe, e pode causar excesso de depósitos de gordura e degeneração dos órgãos.

Etimologia: Potamotrygon, Grego, potamos = rio + grego, trygon = arraia

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Referências

  1. de Carvalho, M.R., N. Lovejoy and R.S. Rosa, 2003. Potamotrygonidae (River stingrays). p. 22-28. In R.E. Reis, S.O. Kullander and C.J. Ferraris, Jr. (eds.) Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central America. Porto Alegre: EDIPUCRS, Brasil.
  2. Britski, H.A., K.Z. de S> de Silimon and B.S. Lopes, 2007. Peixes do Pantanal: manual de identificaçäo, 2 ed. re. ampl. Brasília, DF: Embrapa Informaçäo Tecnológica, 227 p.
  3. Ferreira, E.J.G., J.A.S. Zuanon and G.M. dos Santos, 1998. Peixes comerciais do médio Amazonas. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. 211p.
  4. Santos, E., 1981. Peixes da Água doce (Vida e costumes dos peixes do Brasil). Belo Horizonte, Brasil, Editora Itatiaia Limitada.267.
  5. Romero, P., 2002. An etymological dictionary of taxonomy. Madrid, unpublished.
  6. Riede, K., 2004. Global register of migratory species – from global to regional scales. Final Report of the R&D-Projekt 808 05 081. Federal Agency for Nature Conservation, Bonn, Germany. 329 p.
  7. Axelrod, H.R., W.E. Burgess, N. Pronek and J.G. Walls, 1991. Dr. Axelrod’s Atlas of freshwater aquarium fishes. Sixth edition. T.F.H. Publications, Neptune City, New Jersey.
  8. Ortega, H. and R.P. Vari, 1986. Annotated checklist of the freshwater fishes of Peru. Smithson. Contrib. Zool. (437):1-25.
  9. Propriedades hematológicas de populações naturais de Potamotrygon motoro (Chondrichthyes: Potamotrygonidae): uma abordagem comparativa sobre o dimorfismo sexual. – OLIVEIRA, A. T.; ARAÚJO, M. L. G.; LEMOS, J. R. G.; SANTOS, M. Q. C.; TAVARES-DIAS, M.; MARCON, J. L.

Ficha por (Entered by): Edson Rechi — Maio/2016

Colaboradores (collaboration): –

Sobre Edson Rechi 875 Artigos
Aquarista em duas fases distintas, a primeira quando criança e tentava manter peixes ornamentais sem muito sucesso. Após um longo período sem aquários voltou no aquarismo em 2004. Desde então já manteve diversos tipos de aquários como plantado, peixes jumbo, ciclídeos africanos, água salobra e amazônico comunitário. Atualmente curte ciclídeos e tetras neotropicais, além de peixes primitivos.

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