Por Solange Nalenvajko (Xica SN)
Artigo publicado originalmente no boletim da Sociedade Brasileira de Kinguios (SBK)
O enriquecimento ambiental consiste em procedimentos que alteram o ambiente físico e/ou social de animais mantidos em cativeiro com a finalidade de melhorar sua qualidade de vida através de bem-estar psicológico e físico.
Esse conceito surgiu nos anos de 1920 criado por Robert Yerkes e ganhou popularidade nos anos de 1960-70. Aplicado inicialmente em zoológicos tinha por objetivo proporcionar bem-estar aos animais silvestres ali mantidos, permitindo a expressão de seu comportamento natural ou próximo a ele.
Considerando-se os peixes, o enriquecimento ambiental visa tornar o ambiente interativo, oferecendo estímulos sensoriais, sociais e cognitivos, permitindo aos animais apresentarem comportamento mais próximo ao natural. Estudos realizados com Danio rerio obtiveram resultados relacionados à melhoria na fertilidade e aumento na proliferação de neurônios, além de se mostrar uma possibilidade para redução do nível de estresse.
O enriquecimento ambiental ocorre nos aspectos:
- físico (utilização de substrato, troncos, pedras, tocas, folhiço, vegetação);
- alimentar (diferentes formas de apresentação do alimento, sabores, textura, cor, caça, distribuição no aquário/tanque);
- sensorial (temperatura e fotoperíodo e suas variações ao longo do ano);
- social (manutenção de um grupo, convivência com outras espécies).
Um ambiente rico em informações pode estimular, por sua vez, o bem-estar dos peixes. De modo geral, ‘bem-estar’ se refere à qualidade de vida de um animal – se ele tem boa saúde, se suas condições física e psicológica são adequadas, e se pode expressar seu comportamento natural.
O bem-estar indica como o animal está lidando com as condições em que vive. “Um animal está em bom estado de bem-estar (quando indicado por evidência científica) se estiver saudável, confortável, bem nutrido, seguro, for capaz de expressar seu comportamento inato, e se não está sofrendo com estados desagradáveis, tais como dor, medo e angústia.” (1)
O bem-estar de peixes pode ser avaliado com relação a:
- saúde: as principais ameaças são doenças, ferimentos e má nutrição. Sinais positivos de saúde são o bom aspecto físico, comportamento ativo (variável conforme a espécie) e longevidade;
- estresse: a sujeição a agentes estressores (físicos, químicos ou percepcionados) intensos ou prolongados leva a quadros de doença e até mesmo óbito. A qualidade da água é um fator que influencia diretamente o bem-estar dos peixes. Temperatura, luminosidade, taxa de oxigênio dissolvido, pH e compostos nitrogenados influenciam diretamente a saúde dos peixes;
- comportamento: o cativeiro, principalmente quando o espaço é muito limitado e oferece poucos estímulos, pode gerar desvios comportamentais que prejudicam o bem-estar. Comportamentos atípicos (apatia, agressividade ou medo) podem surgir, por exemplo, pela falta de espaço, áreas de abrigo, ausência de grupo, iluminação forte ou por longo período.
Esse é um assunto que vem ganhando relevância na piscicultura, pois contribui para o aumento de produtividade e lucratividade do setor. Os pontos observados são a qualidade da água, densidade de estocagem, dieta balanceada conforme a fase de vida, transporte e tempo de exposição ao ar, sendo que manejos adequados tendem a reduzir o estresse e as perdas consequentes dele.
“O enriquecimento ambiental no cultivo de peixes pode ser um modo de minimizar o estresse causado pela monotonia do ambiente, fazendo com que os animais expressem de forma mais significativa o seu potencial produtivo.” (2)
Bibliografia
- https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/producao-animal/arquivos/Introduoarecomendaessobrebemestaranimal.pdf
- https://www.nutritime.com.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Artigo-326.pdf
Artigo publicado em Agosto/2021
Amei essa explicação sobre os kinguios. Sou apaixonada por eles. Tenho um aquario de 200 litros para três. Eles crescem muito, cada dia mais lindos.