Nova espécie de peixe da Amazônia ganha nome de vilão de “O Senhor dos Anéis”

Segundo os pesquisadores, marcas do peixe se assemelham ao símbolo do olho ardente do vilão Sauron da série de filmes

 

Milhares de espécies de peixes — cerca de 2.500 delas nomeadas — vivem no rio Amazonas, mas os cientistas estimam que quase metade das criaturas marinhas que habitam essa imensa extensão de água ainda não foram descobertas.

Myloplus sauron, uma nova espécie de pacu descoberta na Amazônia, foi nomeada em homenagem a Sauron de “O Senhor dos Anéis” devido à barra preta vertical em sua lateral que se assemelha à pupila do símbolo do olho ardente do vilão • Mark Sabaj/Academy of Natural Sciences, Drexel U via CNN Newsource

Enquanto estudavam piranhas e pacus em um esforço para avaliar melhor a biodiversidade vital dos peixes no rio de 6.400 quilômetros de comprimento, uma equipe internacional de pesquisadores encontrou e identificou uma nova espécie de pacu, um parente da piranha com uma dieta baseada em plantas e dentes parecidos com os de humanos.

Além de seus estranhos dentes perolados, a nova espécie possui marcantes marcas laranja e preta — incluindo uma ousada barra vertical preta que se estende pela sua lateral — que, segundo os pesquisadores, se assemelham ao símbolo do olho ardente do vilão Sauron da série de livros escritos por J.R.R. Tolkien, que depois foram adaptados ao cinema nos filmes “O Senhor dos Anéis. As marcas inspiraram o nome do peixe, Myloplus sauron, de acordo com um estudo publicado na segunda-feira na revista Neotropical Ichthyology.

“Eu e os coautores achamos que (o nome) seria uma boa ideia — realmente parece o olho de Sauron”, disse a coautora do estudo Victória Pereira, estudante de pós-graduação em biologia na Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho (Unesp), em Botucatu (SP). Os pesquisadores esperavam que a referência à cultura pop atraísse atenção para o peixe e para os esforços de proteção da biodiversidade na Amazônia, acrescentou Pereira.

O peixe chamativo não é o único animal nomeado em homenagem ao Senhor das Trevas de Tolkien. Um gênero de borboletas foi encontrado em maio de 2023 com manchas que pareciam olhos em suas asas, lembrando os pesquisadores do conhecido símbolo da trilogia. Há também uma espécie de rã arborícola, um besouro de esterco e um gênero de dinossauros nomeados em homenagem ao personagem.

A confusão em torno dos pacus

Além do Myloplus sauron, os pesquisadores também descobriram a espécie Myloplus aylan, que descreveram como tendo uma barra preta ligeiramente mais grossa em sua lateral. O gênero Myloplus pertence à família de peixes Serrasalmidae, que é composta por espécies de piranhas e pacus.

Como as piranhas e os pacus são estreitamente relacionados e possuem características semelhantes, diferenciar as espécies pode ser difícil, observaram os autores do estudo. Tanto as espécies de pacu quanto as de piranha podem mudar de aparência ao longo das várias fases de suas vidas, e machos e fêmeas frequentemente têm aparência diferente entre si, o que também torna difícil distinguir as diversas espécies, de acordo com o Museu de História Natural de Londres.

Myloplus sauron e Myloplus aylan têm dentes achatados e rombudos usados para mastigar plantas, em forte contraste com os dentes afiados encontrados nas piranhas, mas semelhantes aos de outros pacus. Enquanto algumas espécies de piranhas são conhecidas por suas dietas carnívoras, todas as espécies de pacus são principalmente herbívoras.

Anteriormente, essas duas novas espécies eram agrupadas com outro peixe, Myloplus schomburgkii, devido ao desenho comum da marca preta no corpo arredondado dos peixes. No entanto, através de uma inspeção mais detalhada e análise de DNA, os pesquisadores descobriram que três espécies diferentes compartilhavam o mesmo design chamativo.

Os pesquisadores esperam estudar Myloplus sauron e Myloplus aylan mais a fundo para aprender mais sobre sua evolução e relação com outras espécies, disse Pereira.

“As pessoas que estudam pacus reconheceram há algum tempo que havia múltiplas espécies ‘escondidas à vista de todos’”, disse Matthew Kolmann, professor assistente do departamento de biologia da Universidade de Louisville, em Kentucky, que estudou os peixes. Ele não estava envolvido no novo estudo.

“O tamanho da Amazônia e de outras bacias, e sua inacessibilidade, fazem dela um lugar de descobertas constantes”, disse Kolmann em um e-mail. “O que isso significa é que tem e continuará a exigir gerações de esforços de cientistas para aumentar nosso conhecimento da área.”

Fonte: Por Taylor Niciolida CNN

Publicado em Novembro/2024

Sobre Edson Rechi 879 Artigos
Aquarista em duas fases distintas, a primeira quando criança e tentava manter peixes ornamentais sem muito sucesso. Após um longo período sem aquários voltou no aquarismo em 2004. Desde então já manteve diversos tipos de aquários como plantado, peixes jumbo, ciclídeos africanos, água salobra e amazônico comunitário. Atualmente curte ciclídeos e tetras neotropicais, além de peixes primitivos.

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