Alimentação de peixes ornamentais, pequeno FAQ

 

Autor: Edson Rechi – Janeiro/2005 – Atualização Dezembro/2012

fish-feed1A alimentação de nossos peixes certamente é um dos maiores segredos para sua saúde e vivacidade. Hoje em dia, temos uma ampla variedade de alimentos, cada um com sua especialidade, como rações floculadas e granuladas, vegetais, congelados, alimentos vivo, etc. Quanto maior a diversificação na alimentação, melhor será a resposta de seu peixe, esbanjando saúde e cores vivas, portanto, nunca fique restrito a apenas um tipo de alimento, diversifique.

Em geral, os alimentos secos (rações) são bem aceitos por quase todas as espécies de peixes e muito utilizado devido a conter praticamente todos nutrientes que o peixe precisa.

Mas antes de fornecer todo tipo de alimento para seu peixe, conheça seus hábitos alimentares. Eles basicamente poderão ser:

Herbívoros:

Peixes que se alimentam a base de vegetais, macro e microalgas bentônicas e fitoplâncton Os mecanismos usados para destruição da celulose, poderão ocorrer devido à alta acidez do estômago, os que trituram por meio de dentes, os que trituram por meio de estômago muscular e outros que mantêm microrganismos fermentadores.

Estes últimos mecanismos se referem principalmente as espécies marinhas. Peixes herbívoros de água doce podem ter os mesmos mecanismos, mas requerem periodicamente proteína animal para evitar perca de peso. Em geral preferem frutas, sementes, ingerindo poucas folhas.

Ex. Poecilia latipinna

Carnívoros:

Peixes que selecionam alimentos de origem animal. Peixes de água doce carnívoros se alimentam fartamente de insetos, onde há em abundância na natureza o ano inteiro, principalmente em épocas de cheias. O canibalismo na natureza representa importante aplicação entre as espécies, pois funciona como uma forma de autocontrole populacional. Aqui se enquadram as espécies que possuem hábito de se alimentar de outros peixes (piscívoros), moluscos (moluscívoros), insetos (insetívoros) e todos demais tipos de alimentos vivos.

Ex. Astronotus ocellatus

Onívoros:

Peixes que tem como base alimentar vegetal e animal. Poderão tender ao domínio vegetal ou animal variando de espécie para espécie. Carnívoros combina ingestão de alimento animal, de alto valor nutritivo, mas requer mais esforço para se obtê lo. Herbívoros com ingestão vegetal, considerado de menor valor energético, não requer tanto esforço para obtê lo. Em geral, são peixes que combinam alimentação a base de vegetais (frutas, sementes, folhas) e animal (pequenos peixes, insetos e microrganismos).

Ex. Symphysodon sp., Pterophyllum sp., Colisa sp.

Detritívoros:

Peixes que se alimentam de matéria orgânica animal em putrefação ou matéria vegetal em fermentação. Algumas espécies têm como base algas e bactérias como o Mugil cephalus eTilapia mossambica.

Iliófagos:

Peixes que ingerem substrato formado por lodo ou areia. O substrato é ingerido porque nele se encontra sua base alimentar (animal, vegetal e detritos), sendo que exemplares destes peixes possuem aparelho digestivo adaptado para selecioná-lo. Ex. Prochilodus scrofa, Curimatus sp, Plecostomus sp.

Algumas Vitaminas e suas funções:

A – Visão, protetor de pele

B1 – Obtenção de energia

B2 – Digestão de proteínas, crescimento muscular

B5 – Deficiência poderá causar problemas nas guelras

B6 – Deficiência poderá causar distúrbios motores

C – Resistência contra doenças gerais e crescimento do esqueleto

E – Hormônio de fertilidade, estabiliza vitaminas

Alimentado seu peixe:

Não existe uma regra para ministrarmos uma quantidade exata de alimentos. Em geral, alimente seu peixe duas ou três vezes ao dia em pequenas porções, que possam ser consumidas em menos de 5 minutos. Com o decorrer do tempo ficará hábil em saber a quantidade que satisfaça seu peixe. Esta regra secundária vale para aquários voltados a várias espécies de peixes (comunitário), já para tanques mono-espécie, ou aquário hospital, terá que ser mais criterioso, baseado na necessidade e exigência da espécie ou do momento.

feeding-fishDiz a evolução do peixe, quando na natureza, ele tende a comer tudo o que couber em sua barriga de uma única vez, já que ele não sabe quando será sua próxima refeição. Porém, é errôneo comparar a alimentação dos peixes quando em seu ambiente natural com peixes confinados em aquário. Em aquário devemos saber quando será a próxima refeição e controlar rigorosamente a quantidade. Talvez um dos maiores males de aquaristas iniciantes é usar altas dosagens de alimento, até que o peixe pareça satisfeito, afinal, quem resiste quando nos aproximamos do aquário e os peixes vêm para perto, suplicando por comida e resolvemos alimentá-los só mais uma vez… não caia neste erro comum!

É mais fácil matar um peixe alimentando em excesso, do que o dito morrer de fome, alem de poluir a água com sobras e ter problemas no futuro com a qualidade da água. Um peixe faminto é um peixe saudável, mas nunca exagere no fornecimento.

Um ponto importante refere-se ao crescimento dos peixes, está relacionado à quantidade de alimento fornecido. Saiba que todo e qualquer peixe é adaptável à quantidade que fornecemos, ajustando seu ritmo de crescimento a quantidade. Um alimento de qualidade fará com que seu peixe se desenvolva mais rapidamente, utilizando uma menor quantidade de alimentos.

Tipos de Alimentos mais Comuns:

  • Artêmia Salina: Rica em gordura e vitaminas C, A e B. Alimento perfeito para grande maioria de peixes ornamentais, principalmente vivas. Cistos de artêmias são indicados para alevinos.
  • Dáfnia: Alimento liofilizado vivo, rico em nutrientes, minerais e proteínas. Também conhecida como pulga d’ água, outro crustáceo que vive em águas ricas em matérias orgânicas e se reproduzem com facilidade. São encontrados em charcos a alagados limpos.
  • Tubifex: Alimento liofilizado, vivos podem conter parasitas. Rico em vitaminas B,C e A. É um pequeno anelídeo (grupo de minhocas), que costuma crescer em ambientes lamacentos ou esgotos.
  • Rações Granuladas: Serve como base para todo tipo de peixe, cada uma com sua especialidade. Geralmente são ricas em vitamina C.
  • Rações em flocos: Idem a granulada, contêm vitaminas de acordo com o fabricante. Geralmente são fornecidos para peixes de pequeno e médio porte .
  • Larvas de mosquito: Apesar de não serem alimentos tão ricos, deverá ser ministrado como complemento de outros alimentos vivos e servem bem para peixes de superfície ou meia água. Poderá facilmente ser obtido, deixando um recipiente com água ao ar livre onde as moscas depositarão seus ovos. Geralmente eclodem em 8 dias. Cuidado para não confundir estas larvas com larvas de libélulas (lavadeiras), pois estas são predadores vorazes, podendo matar peixes menores.
  • Infusórios: Nada mais é que um caldo com diversos protozoários, organismos compostos de apenas uma cédula. Encontrado em brejos e águas paradas, sua criação é relativamente fácil. Basta apenas colocar folhas de alface e couve em um recipiente com água limpa e deixar 48h no escuro. Só não deixe muito tempo para não apodrecer ficando impróprio para o consumo. Ótimo alimento para alevinos.
  • Drosóphilas: Famosa mosca da fruta. É um díptero de pequena dimensão e de rápido ciclo de vida. A Variedade sem asas tem a vantagem de ser mais manejável.
  • Paramecium: Protozoários microscópicos, são alimentos ideal e essencial para alevinos. São encontrados em água doce e fundos lodosos onde há muita matéria orgânica em decomposição.
  • Microvermes: Como o nome sugere, são nematódeos com cerca de 2mm muito nutritivo. Ideal para alevinos e peixes de pequeno porte. Vivem em meio cremoso a base de farinha de cereal e aveia.
  • Enquitréias: São pequenos vermes brancos que alcançam até 2cm e tem altos valores nutritivos. Muito boa opção para fornecer a peixes adultos antes da desova ou mesmo alevinos.
  • Branchoneta: Também conhecido como artêmia de água doce (fairy shrimp), possuem olhos vermelhos. Outra excelente fonte segura de alimentação.
  • Bloodworm ou larva vermelha de mosquito: São larvas de mosquito (há numerosas espécies), facilmente reconhecidos pelo seu zumbido agudo. Geralmente estas larvas vivem em fundo lamacento das águas com pouca ou nenhuma corrente, principalmente no verão.
  • Vermes do vinagre: É um verme nematódeo com até 4mm, se desenvolvem em meio constituído 50% vinagre de maçã e 50% de água e pouca quantidade de açúcar. Outro ótimo alimento para alevinos.
  • Gammarus: Pequeno crustáceo (cerca de 2cm) que são encontrados em águas doce ou salgada. Usa-se muito para alimentar répteis aquáticos, usados secos. Peixes embora não admiram secos, poderão desenvolver seu instinto de caça rapidamente quando colocados vivos. Encontra-se facilmente em vegetação inundada e sempre ocultos entre algas.
  • Tenébrio: É uma espécie de besouro conhecido como Tenébrio molitor. Comumente utilizado como alimento vivo para peixes de médio e grande porte. Também usado para peixes menores em pequenos pedaços.

Dúvidas mais comuns:

1. Posso alimentar meus peixes apenas com alimento vivo?

R. Não é recomendado, com algumas exceções. Apesar de ser uma ótima fonte de proteínas e vitaminas, são deficientes em outras fontes que as rações apropriadas possuem. Deverá fornecer esporadicamente, exceto peixes essencialmente carnívoros que exigem alimentos vivos regularmente ou peixes que recusam alimentos secos até estarem totalmente adaptados no aquário.

2. Qual a melhor ração para fornecer a meus peixes?

R. Existe uma grande variedade de rações balanceadas capaz de suprir as necessidades nutricionais de diversas espécies. Algumas são exclusivas para determinados tipos de peixes, como Ciclídeos, Kinguios, Betas, etc. Informe-se sobre os hábitos alimentares de seus peixes e fornecer o que há de melhor e mais adequado a espécie.

3. Poderei usar várias rações ao mesmo tempo?

R. Pode e deve. Quanto maior a diversificação alimentar, melhor, sempre respeitando a dieta ideal para a espécie.

4. Rações que dizem realçar a coloração dos peixes, funcionam?

R. Sim. Estudos mostram que determinadas vitaminas agem na coloração do peixe.

5. Alevinos podem comer rações dos demais peixes?

R. Até pode, mas nas primeiras semanas de vida certamente recusarão. Não é indicado o fornecimento. O ideal é fornecer alimento vivo (veja acima os indicados) nas primeiras semanas e logo após rações próprias para alevinos até poderem se alimentar com rações de peixes adultos.

6. Como alimentar peixes de fundo?

R. Existe uma grande variedade de rações próprias para estes tipos de peixes como as pastilhas para peixes de fundo. Forneça estas rações ao apagar as luzes, já que grande parte dos peixes de fundo tem hábitos noturnos e evitará os demais peixes disputem pela ração. Considere incluir também vegetais e legumes em sua dieta.

7. É verdade que peixes comem tanto que podem até morrer?

R. Mito. Com exceção de peixes propriamente “gulosos” como os Kinguios, Bettas, entre outros, grande parte dos peixes chegará determinado momento que recusará alimentos. Observe que avançam com voracidade nos primeiros alimentos fornecidos, mas depois vão perdendo o ímpeto até recusarem totalmente após.

8. Meus peixes não comem, o que poderá estar acontecendo?

R. Peixes recém inseridos no aquário poderão levar certo tempo até se habituarem ao novo ambiente, recusando inicialmente qualquer tipo de alimento. Exemplares selvagens (capturados na natureza) podem apresentar dificuldades para se alimentarem no aquário, principalmente com o fornecimento de alimentos secos. Neste caso, forneça alimentos vivos inicialmente, e vá diminuindo aos poucos acrescentando proporcionalmente alimentos secos, até que aceitem totalmente este último. Com treinamento e persistência pode-se reverter a situação.

9. Meu peixe estava se alimentando e parou, o que pode ser?

R. A falta de apetite muitas vezes é associada a alguma doença, stress pela má qualidade da água ou alimentação indevida para a espécie. Atente a detalhes no peixe e seus hábitos para ver se nada está errado e reveja os parâmetros de sua água. Atente ainda se não há algum peixe excessivamente dominante que não deixa os demais se alimentar.

10. Como manter a qualidade da ração?

R. Evite rações com embalagens transparente ou que não podem ser bem fechada depois de aberto, uma vez que a luz e ar diminuem seu teor nutritivo. Depois de aberto, a ração deverá ser usada no prazo máximo de três meses em média.

11. A alimentação influência na coloração das fezes dos peixes?

R. Sim. Sempre atente a coloração de suas fezes. Normalmente deverá ter cores variadas como vermelho, preto, marrom ou verde, de acordo com o tipo de ração fornecida. Fezes transparentes poderá indicar alguma moléstia.

Sobre Edson Rechi 879 Artigos
Aquarista em duas fases distintas, a primeira quando criança e tentava manter peixes ornamentais sem muito sucesso. Após um longo período sem aquários voltou no aquarismo em 2004. Desde então já manteve diversos tipos de aquários como plantado, peixes jumbo, ciclídeos africanos, água salobra e amazônico comunitário. Atualmente curte ciclídeos e tetras neotropicais, além de peixes primitivos.

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