Ilustres desconhecidos: Zebra Flash (Brachyplatystoma juruensis)

 

Autor: Renato Moterani

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Comemorando que finalmente chegaram ao Brasil filhotes desse peixe fantástico, estou fazendo esse artigo para ajudar os aquaristas que gostariam de ter um mas não encontram muitas informações sobre a espécie pela net.

A família dos bagres é imensa, são milhares de espécies espalhadas por todo o mundo, vivendo em rios, lagos, mangues e mares.

Com uma família tão grande, não é nenhuma surpresa que existam bagres de todos os tipos e, alguns deles evoluíram e se tornaram grandes predadores, alguns ocupando o topo da cadeia alimentar em seu habitat.

E assim surgiram monstros em cada um dos continentes, com exceção da Oceania. Mas foi na América do Sul onde esses monstros se multiplicaram e atingiram seu ápice, com quase dez espécies que atingem grande tamanho, sendo os predadores máximos de nossos rios.

E como falar em bagres sem falar do poderoso Jaú, da Pirarara, a princesa dos rios ou então de sua rainha, a Piraíba. E é desse grupo real que irei falar hoje, de um peixe do mesmo gênero da grande Piraíba, o Brachyplatystoma.

No geral, esse gênero é composto por 7 espécies, todas predadoras, e algumas de grande porte, delas, 4 possuem cor prata, com uma dourada e duas listradas. E essas duas listradas também são as menores e mais indicadas para aquários.

Uma delas é o famoso tigrinus, um dos bagres mais belos do mundo, mas tão delicado quanto belo, alias, a delicadeza é uma marca a todas as espécies desse gênero, eles habitam águas profundas e rápidas, ou seja, muito limpas, oxigenadas e não muito quentes.

De todas, a mais resistente é exatamente o Zebra Flash (Brachyplatystoma juruensis), um peixe que atinge cerca de 60cm segundo a literatura (já vi maiores a venda no mercado de Manaus). Como o nome científico indica, eles são encontrados no Rio Juruá, mas não são restritos a esse rio, podem ser encontrados em vários outros, espalhados por toda a Amazônia, tanto no Brasil como também em países vizinhos.

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Adulto de Brachyplatystoma juruensis

Agora vamos falar um pouco mais sobre o Zebra…

Como já disse, ele é o peixe mais resistente desse gênero, um dos menores e o menos agressivo deles, dos poucos que podem ser mantidos com outros de sua espécie em aquário.

Tem uma boa taxa de crescimento, coisa de 2,5cm por mês se bem alimentados (encontrei vários relatos de peixes que chegaram com 15cm e estavam com 40 após um ano).

São predadores e como tal apreciam peixes vivos, mas também podem ser alimentados com filé de peixe e ração de fundo, é importante que não recebam muita comida depois de adultos (por volta de 3 anos), isso pode trazer problemas graves de saúde e reduzir consideravelmente o tempo de vida do peixe, que é de quase 20 anos.

Ainda é raro ver desses peixes aqui no Brasil, apesar deles ocorrerem aqui. Isso tem uma explicação em seu ciclo de vida.

Os peixes desse gênero são grandes migradores, sobem os rios por muitos quilómetros para reproduzir, geralmente nascem fora do Brasil e depois descem os rios conforme crescem, essa é a razão de ser tão raro ver um zebra filhote em nossos rios, mas em países como Colômbia, os filhotes são muito comuns pois nascem lá.

Para se adquirir um, o tamanho é importante, os menores são muito melhor para se comprar, peixes maiores sofrem muito com captura, transporte e adaptação, boa parte morre nesse processo, é preciso que esses maiores sejam alimentados com peixe vivo de início, já os pequenos não tem esse problema, se adaptam rapidamente e já começam desde cedo a comer alimento morto, como pequenos pedaços de filé de peixe.

Uma coisa muito importante para quem pretende ter um peixe desses, apesar de ser o mais resistente de seu grupo, ainda assim eles são sensíveis a qualidade da água, amônia e nitrito precisam estar sob controle sempre e a água precisa ter movimentação e boa oxigenação.

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Juvenil de Brachyplatystoma juruensis

TPAs semanais são bem vindas.

Como decoração para seu aquário, pode ser usado apenas alguns troncos, rochas e areia de substrato.

Os zebras mudam muito de cor conforme crescem, apenas definem seu padrão de cor quando passam dos 20cm, menores de 10cm possuem cor escura, sendo quase impossível saber como ficarão depois de grandes.

Os adultos são listrados de preto sob um fundo amarelo, que pode ser mais escuro, marrom quase preto ou bem claro, perto do dourado, podem ter listras mais finas ou grossas, com ou sem pontos pretos. Mas a coisa que acho mais bonita nesse peixe são sua cabeça, que lembra a da piraíba, e a cauda com os filamentos.

Podem ser mantidos em aquários comunitários juntos com outros jumbos sem grandes problemas, desde que não hajam peixes muito agressivos ou mordedores de nadadeiras.

Por atingirem cerca de 50cm em aquário, precisam de tanques com pelo menos 200 x 70 x 70, ou seja, cabem bem em boa parte dos aquários de jumbos, ao contrário de outros grandes bagres como pintados e pirararas.

Vivem bem em uma faixa bem larga de pH, de 6,4 a 7,4, com temperatura de 28 graus.

Um hábito muito curioso desse bagre é a posição como ele costuma ficar depois de aclimatado no aquário, ele se apoia sobre as nadadeiras pélvicas e caudal, formando um tripé. Sem dúvida alguma um dos mais belos e elegantes de todos os peixes dessa família…

Sobre Renato Moterani 16 Artigos
Natural de São Paulo-SP, é aquarista desde 1986, na época foi a uma avicultura (não existia o termo Pet Shop..rs) e comprou um peixe chamado Oscar, colocou esse peixe junto dos neons e espada de seu irmão mais velho, duas semanas depois ganhou esse aquário do irmão, após todos os peixes serem devorados. É técnico contábil, Servidor Público estadual, trabalhando atualmente no Instituto Butantan, com produção e pesquisa sobre venenos de serpentes. Sempre mantendo peixes jumbo, se especializou na área e desde 2014 mantém o grupo Peixe Grande Aquarismo e a página de mesmo nome. Atualmente possui 4 aquários montados, o maior com 2.200 litros e o menor com 100.

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