Reprodução do Tetra Cego Das cavernas

 

Por Americo Guazzelli & Rony Suzuki / Fotos: Rony Suzuki (Agosto /2007)

Mais conhecido como tetra cego das cavernas, este caracídeo é originário do México, sendo um dos mais fascinantes espécimes de peixes de água doce. O fato de não enxergar é uma particularidade que o torna cativante e, ao mesmo tempo, desprezado por muitos como se fosse uma “aberração da natureza”.

Mas quem o tem em seu aquário acaba se apaixonando por eles, desfilando entre plantas, peixes e demais objetos com uma habilidade digna de qualquer outro peixe que enxerga. Traz como vantagens o seu comportamento dócil e grande apetite.

Dão um toque especial ao aquário com sua movimentação constante por todos os cantos possíveis. Vivem bem em grupo mas não nadam juntos, como peixes de cardume.

São fáceis de se reproduzir e o desenvolvimento dos alevinos é tranqüilo e rápido. Depositam seus ovos em qualquer parte do aquário e a retirada dos alevinos recém nascidos nos dá um grande resultado, visto que os filhotes são vorazes na alimentação e isso influencia no crescimento que é notado no dia a dia.

Tempo atrás ganhei 5 alevinos recém nascidos do Rony Suzuki que mantém alguns espécimes adultos em sua estufa. Até então eu não havia me interessado por esta espécie e nem sabia que os alevinos que estava levando possuíam olhos. Sim, eles possuem olhos que vão sendo cobertos por uma membrana à medida que se desenvolvem até ficarem totalmente cegos. Tentei alguma fotos para mostrar a todos esse detalhe e não fui totalmente feliz pela minha capacidade como fotógrafo. Em contrapartida o sucesso com os alevinos foi grande. Hoje tenho todos os cinco, já adultos, nadando por um dos meus aquários.

Eis que agora o Rony Suzuki apresenta-nos as maravilhosas fotos que conseguiu para registrar todo o processo pelo qual passam durante o desenvolvimento dos alevinos até a fase adulta. Isto motivou esta postagem que servirá para ratificar o grande aquarista que o Rony é e, quem sabe, derrubar os preconceitos que possam existir contra este lindo peixe.

Segue o trabalho magnífico de Rony Suzuki com suas belas fotos!

O Tetra-cego-das-cavernas (Astyanax jordani) é uma das espécies de peixe que eu mais gosto devido a sua peculiaridade de não possuir olhos, tenho reproduzido eles desde 1993 mais ou menos, só para não ter que comprar novamente…rsrsrsrs… Ano passado quase perdi todos os meus ceguinhos, ficando com apenas três exemplares (duas fêmeas e um macho). Sem querer tirar cria deles ainda, eles resolveram desovar em um aquário pelado onde só estavam eles, quando reparei já tinha se passado algumas horas da desova e não havia muitos ovos no chão, recolhi uma boa parte e resolvi documentar toda a evolução desse peixe magnífico!

Nessa primeira foto, já é possível de ver a larva se desenvolvendo dentro do ovo.

tetra01

Aqui a larva recém nascida, nota-se o saco vitelino bem grande.

tetra02

No segundo dia, a larva ainda possui o saco vitelino, bem menor, mas ainda presente. Nessa fase as larvas já se locomovem no fundo com mais freqüência. Ainda não apresentam os olhos.

tetra03

Nesse terceiro dia de vida, as larvas já começam a se movimentar bem, quase conseguindo ficar em posição horizontal, mas como ainda não possuem a bexiga natatória bem formada, não agüentam muito tempo e acabam caindo no chão, ou ficam “grudados” nos vidros laterais. Note o tamanho da larva em comparação à cabeça de um palito de fósforo. Nessa fase os olhos já estão bem visíveis.

tetra04

No quarto dia eles já começam a nadar livremente pelo aquário, isso graças à presença da bexiga natatória que já começa a se formar, como é possível de notar na foto acima. Nessa fase é onde se começa a alimentação com náuplios de artêmia. No retângulo inserido na foto é possível de ver o ponto alaranjado na barriga do alevino, esse ponto alaranjado é a primeira artêmia que ele come na vida…

tetra05

Aqui uma seqüência de fotos do alevino abocanhando uma artêmia.

tetra06

Nessa foto dá pra reparar que o alevino já está bem mais desenvolvido.

tetra07

Comparação de tamanho feita com a cabeça de um palito de fósforo. Notem a barriga cheia de artêmia.

tetra08

Com esse tamanho já é possível alternar a alimentação com microvermes ou ração em pó. Mas no meu caso, eu permaneci dando apenas a artêmia por não possuir os microvermes e também porque muitos alevinos ainda estavam bem pequenos.

tetra09

Nessa fase o filhote já começa a tomar a forma de um adulto, a pele começa a engrossar e a bexiga natatória aos poucos começa a deixar de ser visível. Os olhos, como não acompanham o crescimento do peixe, aos poucos vão sumindo no interior da cabeça.

tetra10

Outra comparação com o palito de fósforo.

tetra11

Comendo enquitréias.

tetra12

Nessa foto, nota-se que o olho praticamente sumiu no interior da cabeça. A partir desse ponto uma membrana começa a se formar para proteger o buraco onde fica o olho.

tetra13

Aqui o exemplar já totalmente sem os olhos, que foram encobertos por uma membrana protetora.

tetra14

Só pra finalizar…

tetra15

Vale dizer, que o crescimento é muito variável conforme a oferta de alimentos que é dado a eles, quanto mais comida, mais rápido o crescimento será! podendo dobrar o tamanho no mesmo período de tempo.

De todas as espécies de peixes que já criei, a diferença de tamanho no crescimento e o índice de canibalismo entre os filhotes, o Tetra-cego-das-cavernas é o maior que eu já presenciei… talvez pelo fato da escassez de alimento em seu habitat natural faça com que eles se tornem mais vorazes, é a luta pela sobrevivência…

Sobre Edson Rechi 869 Artigos
Aquarista em duas fases distintas, a primeira quando criança e tentava manter peixes ornamentais sem muito sucesso. Após um longo período sem aquários, voltou no aquarismo em 2004, desde então já manteve diversos tipos de aquários como plantado, peixes jumbo, ciclídeos africanos, água salobra, amazônico comunitário e marinho. Atualmente curte e mantém peixes primitivos e ciclídeos neotropicais, suas grandes paixões.

1 Comentário

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*