Traíra Negra (Hoplias curupira)

 

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Hoplias curupira (Oyakawa & Mattox, 2009)

Nome Popular: Traíra Negra, Traíra Curupira — Inglês: Black Wolf Fish

Família: Erythrinidae (Erythrinídeos)

Origem: América do Sul; bacia do rio Amazonas

Tamanho Adulto: 75 cm (comum: 40 cm)

Expectativa de Vida: 10 anos +

Temperamento: Agressivo, Predador

Aquário Mínimo: 150 cm X 50 cm X 50 cm (375 L)

Temperatura: 23°C a 30°C

pH: 6.5 a 8.o – Dureza: 1 a 30

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Visão Geral

Possui ampla distribuição em todo o norte da América do Sul, podendo ser encontrado na bacia do rio Amazonas, incluindo rios Capim, Tocantins, Xingu, Tapajós, Trombetas e Negro; bacia superior do rio Orinoco perto do rio Casiquiare; e rios costeiros da Guiana e do Suriname. Habita grandes rios e igarapés. Ocorre geralmente em pares.

Possui tamanho médio, relativamente volumoso em comparação com outros membros do gênero, e cabeça sem corte e ampla. Sua coloração pode variar de acordo com seu humor, o padrão é cor marrim claro a preto sólido. O tamanho comum varia entre 30 cm e 40 cm, mas há relatos de espécimes capturados com 75 cm.

O que difere esta espécie de outras Traíras é a presença de quatro pequenos poros manchados ao longo de cada lado da parte inferior da mandíbula (vide foto abaixo). Todas demais espécies do gênero possui poros singulares ao longo da mandíbula.

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Esta espécie foi descrita recentemente (2009) e anteriormente era conhecido como Hoplias sp. “black”. Foi e ainda é vendido sob vários nomes, incluindo Hoplias macrophthalmus. Tem sido descrito como um membro do complexo grupo lacerdae.

Dentro da “Revisão dos traíras neotropicais do grupo lacerdae” escrito por Oyakawa & Mattox ao descrever o grupo lacerdae há uma declaração:

“Hoplias curupira tem uma ampla distribuição na bacia amazônica, e a variação do padrão de cor foi detectada a partir de diferentes localidades. Não é possível definir se isso é devido a variação ecológica ou indicativo de uma segunda espécie na bacia.”

Isso sugere que pode haver mais espécies ou subespécies.

Assim como as demais Traíras, é representante de um antigo grupo de peixes, que possui vesícula natatória altamente vascularizada, que atua como órgão acessório de respiração, permitindo que sobreviva em águas estagnadas e com baixo nível de oxigênio dissolvido. Possui o hábito de migrar curtas distâncias por terra para novos habitats, quando as águas sazonais começam a secar.

Apresentam poderosos e afiados dentes e seu corpo é coberto com grossas escamas cicloides e abundante camada de muco que protege contra parasitas externos como sanguessugas; cabeça grande e bem ossificada; sua musculatura é adaptada a natação curta e veloz, composta pode poderosas fibras brancas que não acumulam gordura.

Sua aparência e fisiologia estão adaptadas para caça em água pouco oxigenada; pedúnculo caudal é musculoso e poderoso, combinando eficientemente com seu metabolismo anaeróbio, permitindo rápidas reações em frações de segundos.

Aquário & Comportamento

É um peixe de água aberta. Irá desfrutar de um espaço aberto. Possui hábito sedentário, não exigindo grande espaço. O aquário deverá possuir substrato preferencialmente macio e arenoso, com bastante vegetação aquática para servir de refúgio e esconderijo.

Apesar de viverem em par na natureza, em aquário não é uma boa manter em dupla. No geral seu comportamento é pacífico, porém um pouco mais agressivo do que demais Traíras, sendo intolerante com a presença de outras Traíras. Com exceção de espécies do gênero Hoplerythrinus (Jejús) que nadam em meia água, podendo incentivar a Curupira nadar com mais frequência.

Apesar de sua aparência assustadora e respeitável predador, pode ser mantido com peixes de maior porte desde que igualmente pacífico. Peixes menores serão comidos.

Reprodução & Dimorfismo Sexual

Ovíparo. Estabelece ovos em buracos no substrato. Fazem diversas desovas parceladas ao longo da temporada reprodutiva. Ovos são fertilizados na nadadeira anal em forma de concha da fêmea, sendo posteriormente descartados em buraco no substrato, onde o macho os guardará até que as larvas eclodam e evadam para vegetação aquática. Pai cuida da progênie até que larvas eclodam.

Dimorfismo sexual bastante difícil, não apresenta dimorfismo evidente, embora as fêmeas tendam a ficar com ventre mais desenvolvido em época de reprodução, devido o aumento dos ovários.

Alimentação

Onívoro (essencialmente piscívoro). Em seu ambiente natural alimenta-se basicamente de peixes, insetos, larvas, camarões, vermes e secundariamente frutas. Em cativeiro poderá não aceitar alimentos secos, sendo necessário o fornecimento de carnes e alimentos vivos, preferencialmente durante período noturno.

Uma curiosidade é que frequentemente são encontrados aos pares defendendo território juntos.

Etimologia: Hoplias palavra grega oplon-opla + sulfixo ias = significa armadura, em alusão a couraça defensiva do crânio ou seus dentes agressivos. Curupira: uma criatura mítica do folclore brasileiro que protege a floresta.

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Referências

  1. Oyakawa, O.T. and G.M.T. Mattox, 2009. Revision of the Neotropical trahiras of the Hoplias lacerdae species-group (Ostariophysi: Characiformes: Erythrinidae) with descriptions of two new species. Neotrop. Ichthyol. 7(2):117-140.
  2. Romero, P., 2002. An etymological dictionary of taxonomy. Madrid, unpublished.
  3. Hoplias curupira; site http://hoplias.webs.com – por Stephen Cousins (2011)

Ficha por (Entered by): Edson Rechi — Julho/2016
Colaboradores (collaboration): –

Sobre Edson Rechi 848 Artigos
Aquarista em duas fases distintas, a primeira quando criança e tentava manter peixes ornamentais sem muito sucesso. Após um longo período sem aquários, voltou no aquarismo em 2004, desde então já manteve diversos tipos de aquários como plantado, peixes jumbo, ciclídeos africanos, água salobra, amazônico comunitário e marinho. Atualmente curte e mantém peixes primitivos e ciclídeos neotropicais, suas grandes paixões.

1 Comentário

  1. Bom pesco des dos 1o anos hoje tenho 42,na minha adolescência já tive o prazer de captura esse tipo de traira,só que enfelismemte pesco nesse mesmo local,até hoje, daí me iniciei na pesca esportiva ,e percebi que exatamente esse tipo de traira desapareceu ou elas não atacam iscas artificiais,des de então tenho capturado só a malabaricus.

     

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