Snakehead Gigante (Channa micropeltes)

 
Channa micropeltes (Cuvier, 1831)

Ficha Técnica

Ordem: Perciformes — Família: Channidae (Canídeos)

Nomes Comuns: Peixe Cabeça de Cobra — Inglês: Giant snakehead

Distribuição: Ásia, bacias do Mekong e Chao Phraya, península Malaia e as ilhas de Sumatra e Bornéu

Tamanho Adulto: 130 cm (comum: 70 cm)

Expectativa de Vida: 10 anos +

Comportamento: agressivo, predador

pH: 6.0 a 8.0 — Dureza: indiferente

Temperatura: 20°C a 30°C

Distribuição e habitat

Espécie difundida em grande parte do sudeste asiático, desde sudoeste do rio Mekong em Laos, Tailândia, Camboja e Vietnã até as maiores ilhas de Sunda em Sumatra, Bornéu e Java. Encontrado em pequenos arquipélagos incluindo Bangka e Belitung (Billiton).

Existem diversos relatos da presença desta espécie em inúmeros estados norte americanos, incluindo Maine, Massachusetts, Maryland, Rhode Island, Virgínia e Wisconsin, mas não se sabe ao certo se está estabelecido. A soltura dos peixes por aquaristas é considerado a provável causa destas ocorrências. Introduzido nas Filipinas como peixe destinado a pesca esportiva.

Ocorrem em planícies e pântanos, exibindo preferência por ambientes de movimentação lenta tais como canais de rios maiores, profundos, de planície, lagos interiores e pântanos, incluindo canais artificiais e reservatórios.

Espécime adulto de 7,5 quilos coletado na Tailândia

Descrição

O formato do corpo deste peixe permite-lhe deslocar-se por entre vegetação aquática e espessa. Cabeça grande, semelhante à de uma cobra, com os olhos na metade anterior.

Conhecido por inúmeros nomes comuns como Cabeça de Cobra Gigante, Snakehead Gigante, Indonesian snakehead, Redline snakehead, entre outros. Este último nome em referência ao surgimento de espécimes juvenis no comércio de peixes ornamentais.

É bastante hiperbolizado na mídia como um peixe “monstruoso”, temível e invasor, com a reputação de matar mais peixes do que pode comer e até mesmo ocasionalmente seres humanos, embora na realidade não haja evidência para este último e ainda não se estabeleceu fora do Sudeste Asiático.

Amplamente cultivado em sua forma nativa, tanto como peixe esportivo como para o consumo humano, e também utilizado para fins medicinais em alguns países.

Populações selvagens podem exibir variações no padrão de cores, levando a crer que pode conter uma ampla diversidade genética ainda não conhecida. Análises genéticas do gênero Channa foram publicadas e indicam que a espécie irmã de C. micropeltes é o C. diplogramma, cuja aparência é semelhante no sudoeste da Índia.

Estas duas espécies possuem escamas gulares que está presente apenas em algumas espécies de Channa asiáticas, mas compartilhada com o gênero africano Parachanna. A hipótese de que este pode ser um critério plesiomórfico.

C. micropeltes pode ser distinguido de C. diplogramma por uma combinação de chaves: menor comprimento pré-anal (média 50,64 mm vs. 55,66 mm em C. diplogramma ); Corpo mais profundo (média 20,05 cm vs. 15,60 cm); Mais vértebras totais (57 vs. 53-54); Menos raios na nadadeira caudal (14 vs. 15-17).

Os membros da família Channidae são comumente referidos como “snakeheads” devido à presença de grandes escamas na cabeça que são uma reminiscência das escamas epidérmicas (placas cefálicas) nas cabeças de cobras.

Todas as espécies do gênero Channa possuem aparelho de respiração complementar na forma de câmaras pareadas localizadas atrás e acima das brânquias. Embora estas não sejam labirínticas, mas são alinhadas com o epitélio respiratório. Estas câmaras permitem aos peixes respirar ar atmosférico e sobreviver em condições hipóxicas ou mesmo fora da água por um período considerável de tempo. Em aquários muitas vezes são vistos subindo para a superfície para tomar goles de ar.

Espécime sub-adulto em aquário

Criação em Aquário

Sua criação em aquários particulares não é indicada, sendo adequado somente para aquários públicos ou tanques de grande porte.

Ao contrário de outras espécies do gênero, é pelágico e requer muito espaço para nadar. É essencial manter o aquário bem tampado, sua capacidade de escapar é notória. 

Comportamento

Predador por excelência costuma comer qualquer peixe que couber em sua boca, muitas vezes até mesmo com metade de seu tamanho ou maior.

Melhor se mantido em aquário específico (pet-fish) ou com peixes grandes o suficiente para não serem comidos, caso o aquário tenha espaço adequado para comportá-los.

Juvenis e sub-adultos são relativamente pacíficos uns com os outros, mas se tornam extremamente agressivos quando atingem a maturidade sexual.

Espécime juvenil em aquário

Reprodução

Ovíparo. Desovam em pequenos córregos em meio a densa vegetação. Demoram a atingir a maturidade sexual, se tornando maduro com cerca de dois anos de idade ou com tamanho aproximado de 50-60 cm.

Adultos formam pares em áreas inundadas ou pequenos riachos com densa vegetação submersa no início da estação chuvosa. Algumas fontes afirmam que eles constroem um ninho para abrigar os ovos, outros que os ovos flutuam na superfície da água até que eclodam, com este último provavelmente sendo a mesma estratégia reprodutiva observada em alguns de seus congêneres.

O cuidado parental é relativamente estendido e os adultos são extremamente agressivos na defesa de sua ninhada, com peixes selvagens ocasionalmente podendo ferir até mesmo humanos. Os juvenis mais velhos formam grandes cardumes, presumivelmente como um meio para reduzir ameaça representada pelos predadores.

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Dimorfismo Sexual

Não parece haver qualquer método confiável para o dimorfismo sexual desta espécie por meios externos.

Alimentação

Carnívoro. Em seu ambiente natural se alimenta peixes, anfíbios, invertebrados e insetos terrestres.

Em cativeiro poderá ter dificuldades em aceitar alimentos secos, devendo ser fornecido alimentos vivos ou congelados (mortos). Alguns espécimes podem vir a aceitar alimentos secos, porém esta nunca deverá ser sua dieta principal.

Juvenis e sub-adultos podem ser alimentados diariamente, enquanto espécimes adultos de duas a três vezes por semana será o suficiente.

Evite fornecer carne de mamíferos ou aviária, uma vez que alguns dos lipídios contidos nestes não podem ser devidamente metabolizados pelos peixes e pode causar depósitos de gordura em excesso e até mesmo degeneração de órgãos.

Espécimes juvenis em seu estado selvagem aglomerados

Etimologia: Channa, channe (grego) -es = uma anchova

Micropeltes; do grego mikros = pequeno +  grego péltē = escudo, em referência às escamas do peixe que se assemelham a um escudo.

SinônimosOphicephalus micropeltes, Ophicephalus serpentinus, Ophicephalus bivittatus, Ophicephalus stevensii, Ophiocephalus studeri

Referências

  1. Roberts, T.R., 1989. The freshwater fishes of Western Borneo (Kalimantan Barat, Indonesia). Mem. Calif. Acad. Sci. 14:210 p. (Ref. 2091)
  2. Riede, K., 2004. Global register of migratory species – from global to regional scales. Final Report of the R&D-Projekt 808 05 081. Federal Agency for Nature Conservation, Bonn, Germany. 329 p.
  3. Kottelat, M., 1998. Fishes of the Nam Theun and Xe Bangfai basins, Laos, with diagnoses of twenty-two new species (Teleostei: Cyprinidae, Balitoridae, Cobitidae, Coiidae and Odontobutidae). Ichthyol. Explor. Freshwat. 9(1):1-128.
  4. Baird, I.G., V. Inthaphaisy, P. Kisouvannalath, B. Phylavanh and B. Mounsouphom, 1999. The fishes of southern Lao. Lao Community Fisheries and Dolphin Protection Project. Ministry of Agriculture and Forestry, Lao PDR.161 p.
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  7. Lim, KKP, PKL Ng and M. Kottelat, 1990 – Bulletin of the Raffles Museum 38(1): 31-54
    On a collection of freshwater fishes from Endau-Rompin, Pahang-Johore, Peninsular Malaysia.
  8. Ng, HH and H.-H. Tan, 1999 – Zoological Studies 38(3): 350-366
    The fishes of the Endau drainage, Peninsular Malaysia with descriptions of two new species of catfishes (Teleostei: Akysidae, Bagridae).
  9. Serrao, NR, D. Steinke, and RH Hanner, 2014 – PLoS ONE 9(6): e99546
    Calibrating Snakehead Diversity with DNA Barcodes: Expanding Taxonomic Coverage to Enable Identification of Potential and Established Invasive Species.

Ficha por (Entered by): Edson Rechi — Março/2017
Colaboradores (collaboration): –

Sobre Edson Rechi 849 Artigos
Aquarista em duas fases distintas, a primeira quando criança e tentava manter peixes ornamentais sem muito sucesso. Após um longo período sem aquários, voltou no aquarismo em 2004, desde então já manteve diversos tipos de aquários como plantado, peixes jumbo, ciclídeos africanos, água salobra, amazônico comunitário e marinho. Atualmente curte e mantém peixes primitivos e ciclídeos neotropicais, suas grandes paixões.

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