Arraia Xingu, Arraia Negra (Potamotrygon leopoldi)

 

Potamotrygon-leopoldi

Classificação

Classe: Elasmobranchii • Ordem: Myliobatiformes • Família: Potamotrygonidae

Nome binomial: Potamotrygon leopoldi (Castex & Castello, 1970)

Sinônimos: nenhum

Grupo Aquário: Arraias de água doce, Peixes Jumbo

Nomes comuns

Arraia Xingu, Arraia Negra, Arraia Leopoldi

Inglês: Xingu River Ray, White-blotched river stingray, Leopoldi Stingray, Polka-Dot Stingray, Black Devil Stingray, Xingu Ray, Black Ray, Ray Eclipse, P13

Distribuição & habitat

América do Sul. Bacia do rio Xingu.

Países: endêmico do Brasil

Habitam uma grande variedade de biótopos, incluindo bancos de areia, baixos dos principais rios e afluentes lênticos com substrato lamoso ou arenoso. Pode migrar para florestas inundadas durante estação chuvosa, podendo ser encontrado em lagos terrestre e lagoas formadas por águas de enchentes.

Potamotrygon-leopoldi-map
Mapa por Discover Life

Ambiente & parâmetros da água

Bentopelágico; água doce • pH: 6.0 – 7.4 • Dureza: 6 – 10 • Clima: tropical; 24°C – 28°C

Tamanho adulto

60 cm (comum 40 cm) • Estimativa de vida: 15 anos +

Manutenção em aquário

Aquário com dimensões mínimas de 200 cm X 60 cm X 60 cm (720 litros) requerido. Substrato arenoso e macio requerido, um aquário com bom comprimento e largura desejável. Decorações podem ser utilizadas, mas com moderação deixando bastantes espaços livres para nadarem.

O sistema de filtragem do aquário deverá ser impecável, principalmente a filtragem biológica, devido a quantidade de resíduos que estes peixes produzem.

Arraias estão entre os principais predadores em seu ambiente natural e comerão qualquer peixe menor que couber em sua boca. Apresentam comportamento bastante pacífico e tranquilo, devendo ser evitado ser mantido com peixes agressivos ou territoriais. Peixes de hábitos mordiscadores também devem ser evitados.

Os melhores peixes para serem mantidos juntos são aqueles igualmente pacíficos e que não seja pequenos o suficiente para serem comidos e que frequentem preferencialmente a parte media ou superior do aquário. É uma das Arraias mais ativas quando mantido sob boas condições.

Alimentação

Carnívoro, em seu ambiente natural alimenta-se de peixes e invertebrados incluindo vermes e crustáceos. Em cativeiro dificilmente aceitará alimentos secos, devendo ser fornecido alimentos vivos e outros alimentos alternativos como filés de peixes de água doce, camarões, minhocas, entre outros.

São animais com alta taxa metabólica devendo ser alimentados frequentemente, daí a necessidade do aquário possuir uma filtragem excepcional.

Reprodução e dimorfismo sexual

Vivíparo, Sexuada (fecundação). Período de gestação varia entre 9 a 12 semanas, dando origem em média 4 a 12 espécimes com cerca de 6 a 10 cm. Amplitude etária de 4 anos para machos.

O ovo é fecundado dentro da fêmea e em muitas espécies os alevinos nascem vivos. Os clásperes, já citados, são formados nas partes internas das nadadeiras pélvicas e como já explicado são utilizados na fertilização. Este órgão é enrijecido com cartilagem e atua como dilatador para dirigir o esperma dentro da abertura da fêmea. Na cópula ele projeta-se para frente, em ereção, e introduz-se na fêmea, e os sulcos existentes ao longo de suas faces internas formam um tubo através do qual flui o esperma. As arraias ejetam os ovos fertilizados em cápsulas que se tornam rígidas com o contato com a água. Meses depois o alevino emerge da cápsula como uma miniatura dos seus genitores. Mas há arraias que são vivíparas, ou seja, produzem alevinos plenamente formados. O embrião se desenvolve no interior do corpo da fêmea, e se alimenta de amplo saco vitelínico. Este tipo de gestação leva 3 meses, sendo que os neonatos ficam de 4 a 5 dias sob a fêmea. Nas arraias vivíparas, um fato curioso ocorre, pois os alevinos possuem os espinhos ou farpas das suas caudas metidos em uma bainha, impedindo que ocorra algum dano à mãe durante o parto. (Fonte: Blog Arraias de Água Doce)

Pais ou adultos de Arraias não costumam predar os filhotes, mas deve-se retirá-los por segurança.

Dimorfismo sexual

O macho apresenta o clásper, um par de órgãos sexuais utilizados para inseminar a fêmea, localizado entre a nadadeira anal e a cauda, semelhante a dois pênis paralelos, um de cada lado da cauda, muito evidente quando se compara o sexo, e visível inclusive em um animal impúbere. Machos costumam ser menores.

Galeria de imagens

Potamotrygon-leopoldi2

Potamotrygon-leopoldi5

Potamotrygon-leopoldi4Potamotrygon-leopoldi3

Descrição

Formato do corpo ligeiramente oval cartilaginoso com centro do corpo levemente mais elevado. Corpo achatado dorsiventralmente com fendas branquiais (espiráculos) abaixo da cabeça onde a água entra e sai pelas guelras após o oxigênio ser absorvido. Cor preta em seu dorso com manchas brancas redondas, semilunar ou de forma circular, enquanto a parte inferior (ventral) é branca. Bordas do disco possuem espessura mais fina e sua cauda é mais curta do que o comprimento de seu corpo, apresentando ferrão venenoso.

Junto com o Peixe-serra e os tubarões não apresentam ossos em seu corpo, possuindo estrutura esquelética composta principalmente por cartilagem. Todos estão incluídos na classe Elasmobranchii (elasmobrânquios). Os potamotrigonídeos fazem parte do único grupo de Elasmobrânquios que evoluíram para viver exclusivamente em águas continentais.

Possuem aparelho de respiração especializado permitindo respirar enquanto ficam enterrados no substrato, atrás de cada olho apresenta uma abertura conhecida como espiráculo no qual a água é transportada até as guelras e o oxigênio é extraído.

Seu ferrão encontrado na cauda é formado por dentina, mesmo material que compõe o dente humano, e associado a glândulas de veneno. Segundo estudos a toxidade do veneno pode variar de acordo com a espécie, porém, todos são bastante semelhantes em sua composição. A proteína é a base com químicos destinados a trazer dor intensa e degeneração rápida dos tecidos (necrose). Se picado, segundo relatos de vítimas, a dor costuma ser insuportável no local atingido, além de poder apresentar dor de cabeça, náuseas e diarreia. Reações mais graves não são incomuns, devendo ser procurado atendimento médico. Submergir a área afetada em água morna minimiza as dores.

Sua distribuição está restrita a bacia do rio Xingu e há notícias de declínios populacionais da espécie na região devido à perda e degradação de seu habitat e contaminantes originários de domésticos. Além destes empecilhos, muitas vezes são capturadas e mortas por pescadores devido o medo por picadas e lesões que podem causar além de espécimes juvenis serem capturados para o comércio de peixes ornamentais, embora esta atividade seja regulamentada.

Sua manutenção em aquário requer muito cuidado, embora seja um animal manso poderá lançar uma picada como meio de defesa. O ferrão costuma ser trocado a cada seis meses ou pode surgir um novo em pouco tempo assim que o original for utilizado.

Pode ser confundido com P. henlei, porém distinguido devido a presença de manchas no lado inferior do disco em P. henlei. Alguns aquaristas relatam possuir espécimes de Leopoldi com o mesmo padrão, um fenômeno que poderia ocorrer devido a hibridização entre as duas espécies em cativeiro. No entanto carece de fontes confiáveis e a indicação acima para a distinção das duas espécies deve ser levada em conta até o momento.

Etimologia: Potamotrygon: Grego, potamos = rio + grego, trygon = arraia

Referências

  1. de Carvalho, M.R., N. Lovejoy and R.S. Rosa, 2003. Potamotrygonidae (River stingrays). p. 22-28. In R.E. Reis, S.O. Kullander and C.J. Ferraris, Jr. (eds.) Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central America. Porto Alegre: EDIPUCRS, Brasil.
  2. Baensch, H.A. and R. Riehl, 1997. Aquarien Atlas, Band 5. Mergus Verlag, Melle, Germany. 1148 p.
  3. Compagno, L.J.V., 1999. Checklist of living elasmobranchs. p. 471-498. In W.C. Hamlett (ed.) Sharks, skates, and rays: the biology of elasmobranch fishes. John Hopkins University Press, Maryland.
  4. ARRAIAS DO PARÁ: MARAVILHAS DA NATUREZA – NUPEC (NÚCLEO DE PESQUISA E ESTUDO EM CHONDRICHTHYES)

Ficha por (Entered by): Edson Rechi — Junho/2014
Colaboradores (collaboration): –

Sobre Edson Rechi 848 Artigos
Aquarista em duas fases distintas, a primeira quando criança e tentava manter peixes ornamentais sem muito sucesso. Após um longo período sem aquários, voltou no aquarismo em 2004, desde então já manteve diversos tipos de aquários como plantado, peixes jumbo, ciclídeos africanos, água salobra, amazônico comunitário e marinho. Atualmente curte e mantém peixes primitivos e ciclídeos neotropicais, suas grandes paixões.

7 Comentário

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*