Parasitas estranhos: Vermes corporais

 

Autor: Renato Moterani / Fotos: Wictor Rodrigues (Peixe Grande Aquarismo)

Sempre que falamos de parasitas, a primeira coisa que vem a mente são vermes e logo em seguida os famosos vermes intestinais.

Mas, 95% das vezes na verdade não são vermes, são protozoários parasitas que atacam o intestino dos peixes, são eles por exemplo que causam o famoso sintoma de fezes gelatinosas.

Mas existem alguns vermes parasitas que são diferentes, eles não ficam no intestino dos peixes, são parasitas que tem mais de um hospedeiro, os chamados “parasitas de ciclo heteróxeno”.

Esses parasitas geralmente começam sua vida parasitando um crustáceo, molusco ou inseto. Quando um peixe come uma presa com o parasita, ele migra do intestino para alguma outra parte de seu corpo, pode ser um órgão interno ou músculo, geralmente forma um cisto e fica ali aguardando até que aquele peixe seja predado e ele possa fechar seu ciclo de vida.

Infelizmente esse tipo de parasita é muito comum na natureza e em muitos casos acaba por matar o hospedeiro com o tempo (verme ocular), em outros acaba morrendo depois de alguns meses se não encontra o hospedeiro final (black spots).

Muitos peixes coletados já vem com esses parasitas e não há uma forma de se saber se eles estão contaminados ou não a olho nu. Da mesma forma animais utilizados como alimento que vem da natureza podem trazer o parasita para nossos peixes, por isso que sou radicalmente contra a utilização de crustáceos e moluscos de água doce como alimento vivo, a taxa de parasitose nesses animais é altíssima.

Quando o parasita ataca algum órgão, é muito difícil sua eliminação, a forma encistada é resistente a quase todos os medicamentos usados contra outros vermes, aqui eu consegui salvar apenas um animal com infecção por vermes oculares, ainda assim a infecção gerada pela morte dos vermes deixou-o cego e ele acabou morrendo seis meses mais tarde.

Existem alguns tipos de parasitas que se alojam nos músculos ou sob a pele, nesses casos é possível sua remoção, através de uma pequena cirurgia.

O sintoma mais comum desse tipo de verminose tratável é o aparecimento de um caroço no corpo do peixe, esse é o local onde o parasita está alojado.

O processo é bem simples e rápido, com o peixe fora dágua é feito um corte, usando lâmina de bisturi ou uma gilete mesmo, direto no caroço, assim que aparecer o verme, ele deve ser retirado com uma pinça, muito cuidado para não partir o verme, se algum pedaço dele ficar dentro do peixe, vai gerar uma infecção bem grande e pode levar o peixe a morte.

Após a retirada, basta passar um antisséptico, como Polvidine, que o peixe em pouco tempo está perfeito novamente.

Seguem algumas fotos de um Polypterus delhezi que foi tratado dessa maneira…

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Agradeço ao amigo Wictor Rodrigues por ceder as fotos.

 

Sobre Renato Moterani 16 Artigos
Natural de São Paulo-SP, é aquarista desde 1986, na época foi a uma avicultura (não existia o termo Pet Shop..rs) e comprou um peixe chamado Oscar, colocou esse peixe junto dos neons e espada de seu irmão mais velho, duas semanas depois ganhou esse aquário do irmão, após todos os peixes serem devorados. É técnico contábil, Servidor Público estadual, trabalhando atualmente no Instituto Butantan, com produção e pesquisa sobre venenos de serpentes. Sempre mantendo peixes jumbo, se especializou na área e desde 2014 mantém o grupo Peixe Grande Aquarismo e a página de mesmo nome. Atualmente possui 4 aquários montados, o maior com 2.200 litros e o menor com 100.

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